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Clima organizacional saudável: sinais de alerta e como o RH pode agir antes da crise

Atualizado: 24 de jul.

Clima organizacional saudável: sinais de alerta e como o RH pode agir antes da crise

Empresas que prosperam a longo prazo têm algo em comum: um clima organizacional saudável


Mas como saber se o clima está se deteriorando antes que isso se traduza em turnover, absenteísmo e perda de produtividade? 


Segundo o State of the Global Workplace 2024 da Gallup, apenas 21% dos colaboradores no mundo dizem estar engajados no trabalho — uma queda em relação ao recorde de 23% registrado em 2023. O restante se divide entre o chamado "quiet quitting" (desengajamento silencioso) e insatisfação ativa, que custa à economia global cerca de US$ 438 bilhões ao ano em perda de produtividade. 


No Brasil, o cenário também preocupa. Embora os índices variem por setor, dados da Great Place to Work e do MIT Sloan Management Review mostram que culturas tóxicas estão entre os principais fatores de rotatividade voluntária, sendo consideradas até 10 vezes mais preditivas que o salário na decisão de pedir demissão. 


O grande desafio do RH é antecipar sinais sutis e agir antes que a crise se instale. Este conteúdo vai ajudar você a identificar esses sinais e a estruturar ações preventivas baseadas em dados confiáveis. 


O que é clima organizacional? 


O clima organizacional é a percepção coletiva que as pessoas têm sobre como a empresa funciona de verdade: valores vividos no dia a dia, estilo de liderança, qualidade das relações e o nível de segurança psicológica. 


Esse clima impacta diretamente o engajamento e os resultados de negócio. 

De acordo com uma meta-análise da Gallup, que reuniu dados de mais de 2,7 milhões de colaboradores em 54 países, empresas com equipes altamente engajadas apresentam resultados muito superiores em comparação às menos engajadas: 


  • 23% mais rentabilidade 

  • 81% menos absenteísmo 

  • 64% menos incidentes de segurança 

  • 41% menos defeitos de qualidade 

  • 18% mais produtividade de vendas 

  • 10% mais fidelização de clientes 


Esses números mostram que investir em engajamento e clima organizacional não é apenas uma questão de bem-estar: trata-se de uma estratégia de alta performance empresarial


Principais sinais de alerta que o RH deve monitorar 


Mesmo em empresas de alta performance, podem aparecer sinais precoces de deterioração do clima. Veja os mais críticos: 


1. Queda na participação espontânea 


Quando colaboradores deixam de contribuir com ideias, evitam reuniões ou se calam diante de problemas, é um alerta vermelho. O “silêncio organizacional” costuma preceder crises. 


Fonte: Employee Voice and Silence – Morrison (2014) 


2. Adoecimento emocional 


O aumento de afastamentos por transtornos mentais é um dado que não pode ser ignorado. 


No Brasil, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) registrou 288.041 benefícios concedidos em 2023 por transtornos mentais e comportamentais — o que representa um aumento de 38% em relação a 2022, que teve 209.124 casos. Esses números incluem episódios depressivos, transtornos de ansiedade, estresse e depressão recorrente. 


Em 2024, o cenário se agravou: o total de licenças chegou a 472 mil afastamentos, marcando um crescimento de 134% em dois anos


Na Europa, segundo dados da European Agency for Safety and Health at Work (EU-OSHA), 50% a 60% dos dias de trabalho perdidos estão diretamente relacionados ao estresse ocupacional, e o estresse crônico é considerado a segunda causa mais frequente de problemas de saúde ligados ao trabalho. 


Esses indicadores deixam claro que o bem-estar emocional já é um fator crítico de sustentabilidade das empresas — e que o silêncio sobre o tema custa caro. 


3. Crescimento do turnover voluntário 


O aumento do turnover, especialmente entre talentos estratégicos, é um alerta que exige atenção imediata do RH. 


O especialista Josh Bersin estima que o custo de reposição de um colaborador pode chegar a entre 150% e 200% do salário anual, considerando despesas com recrutamento, integração, treinamento, perda de produtividade e impacto cultural. 


Outras instituições, como a Gallup e a Society for Human Resource Management (SHRM), confirmam que esse custo pode variar entre 50% e 200% do salário anual, dependendo da complexidade do cargo e do nível de especialização. 


Esse impacto financeiro reforça a importância de agir preventivamente para reduzir pedidos de desligamento, cuidar do clima organizacional e fortalecer o engajamento. 


4. Reclamações informais e boatos 


O aumento de comentários negativos em conversas de corredor, chats ou grupos informais costuma indicar que a confiança na comunicação oficial está se desgastando. Quando esse cenário se prolonga, ele mina a coesão das equipes, gera ruídos de informação e cria um terreno fértil para conflitos internos. 


5. Queda de NPS interno 


O Net Promoter Score (NPS) interno é um termômetro claro do nível de satisfação e lealdade dos colaboradores em relação à empresa. Uma redução consistente nesse indicador sinaliza que houve mudanças importantes na percepção de segurança psicológica, pertencimento e alinhamento com a cultura organizacional. Ignorar essa tendência pode levar a um ciclo de desengajamento silencioso e aumento da rotatividade. 


Por que líderes de RH deixam passar esses sinais? 


Na maioria dos casos, as áreas de RH são sobrecarregadas com demandas operacionais e têm pouca capacidade analítica. 

Outro ponto é a cultura de não enfrentamento, em que líderes evitam conversas difíceis e preferem adiar decisões. 


Por isso, empresas modernas estão investindo em: 


  • People Analytics 

  • Ferramentas de escuta contínua (ex.: Glint, Culture Amp

  • Formações de líderes em segurança psicológica 


Como o RH pode agir antes da crise 


A boa notícia é que existem ações práticas e comprovadas para prevenir ambientes tóxicos. 


1. Instituir canais de escuta ativa 


Pesquisas frequentes, grupos focais e one-on-ones periódicos criam uma base de dados consistente. 


Case: A Microsoft instituiu reuniões de feedback bidirecionais mensais e pesquisas trimestrais sobre clima e engajamento. Segundo seu Work Trend Index, 92% dos funcionários dizem acreditar que a empresa valoriza a flexibilidade, e a socialização é apontada como motivadora para retorno ao escritório por 85% dos colaboradores

 

2. Treinar líderes para conversas difíceis 


Segundo Amy Edmondson, professora da Harvard Business School e principal referência global em segurança psicológica, a qualidade da liderança — especialmente quando exercida de forma consultiva e apoiadora — é o maior preditor da percepção de segurança psicológica nas equipes


Ambientes em que líderes encorajam perguntas, acolhem erros como parte do aprendizado e demonstram abertura ao diálogo criam condições para que as pessoas se sintam seguras para compartilhar preocupações, propor ideias e assumir riscos. 


Esse cuidado com a forma de liderar não apenas fortalece a confiança, mas também é um fator decisivo para inovação e engajamento sustentável. 


3. Monitorar dados de saúde e produtividade 


Indicadores como absenteísmo, licenças médicas, produtividade e taxas de rotatividade devem ser acompanhados de forma integrada e em tempo real. 


O uso de ferramentas de People Analytics e dashboards de RH permite identificar tendências e padrões que muitas vezes passam despercebidos, mas que sinalizam riscos iminentes de desengajamento, sobrecarga ou adoecimento coletivo. 


Essa leitura proativa dos dados transforma o RH em uma área mais estratégica e capaz de agir antes que pequenos problemas se tornem crises estruturais. 


4. Criar rituais de reconhecimento 


Organizações que investem em uma cultura consistente de reconhecimento apresentam 31% menos rotatividade voluntária, de acordo com um estudo da Bersin & Associates. Esse resultado é ainda fortalecido por uma pesquisa da Aberdeen Group, que aponta efeitos semelhantes em estruturas com programas de reconhecimento bem estruturados. 


Além disso, dados combinados da Gallup e Workhuman mostram que funcionários que recebem reconhecimento de alta qualidade têm 45% menos probabilidade de sair da empresa em até dois anos. 


Esses números ressaltam que reconhecer as pessoas não é um ato trivial — é uma estratégia robusta de retenção, engajamento e construção de cultura sólida. 


5. Revisar políticas de flexibilidade 


Estudos da McKinsey sobre o impacto do pós-pandemia mostram que a falta de flexibilidade no trabalho está entre os principais motivos que levam colaboradores a pedir desligamento voluntário


A ausência de modelos híbridos ou remotos não só influencia a decisão de saída, mas também compromete a capacidade da empresa de atrair novos talentos em um mercado cada vez mais competitivo. 


Hoje, a flexibilidade deixou de ser diferencial e passou a ser expectativa — um componente essencial de qualquer estratégia de retenção. 


O impacto financeiro de não agir 


Se o RH ignora esses sinais, os custos podem ser significativos e comprometer a sustentabilidade da operação. Veja alguns exemplos: 


  • Turnover: o especialista Josh Bersin estima que substituir um colaborador pode custar entre 150% e 200% do salário anual, considerando recrutamento, treinamento, perda de produtividade e impacto cultural. 

 

  • Presenteísmo: colaboradores que permanecem fisicamente presentes, mas mentalmente desconectados, geram perda de desempenho equivalente a cerca de 34% do salário anual, de acordo com a Gallup. 

 

  • Adoecimento mental: um estudo da Deloitte no Reino Unido mostrou que cada £1 investido em saúde mental retorna cerca de £4,70 em ganhos de produtividade, redução de absenteísmo e retenção. 


Esses números reforçam que investir em um ambiente saudável não é apenas uma decisão de bem-estar — é uma estratégia financeira sólida. 


Tendências para 2025 


Para os próximos anos, líderes de RH precisam estar preparados para transformar o cuidado com pessoas em uma vantagem competitiva real. Entre as principais tendências, destacam-se: 


  • People Analytics preditivo: uso de dados e inteligência artificial para antecipar riscos de rotatividade, mapear níveis de engajamento e personalizar intervenções preventivas. 


  • Flexibilidade radical: ampliação de modelos híbridos e jornadas personalizadas como fator-chave de atração e retenção de talentos. 


  • Foco em saúde mental e pertencimento: criação de políticas, programas e espaços seguros que promovam bem-estar emocional e sentido de comunidade. 


  • Descentralização da liderança: equipes mais autônomas, com menos microgerenciamento e líderes preparados para desenvolver ambientes de confiança. 


Clima organizacional saudável não nasce por acaso. Ele é construído diariamente, com atenção constante, liderança capacitada e decisões baseadas em dados confiáveis


O RH do futuro será aquele que antecipa tendências, age com consistência e transforma a experiência no trabalho em um motor de resultados sustentáveis.  


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